27.5.05

Amantes



"Dois amantes, o que são? Dois inimigos", diz Carlos Drummond de Andrade. Mas não apenas isso.
Os amantes são narcisos, procuram no outro a certeza de que são amáveis; Os amantes riem muito, choram muito, são ferozes na dúvida, na paixão, no ciúme - porque o amor é um descontrole.
Os amantes bebem do mesmo copo - água, uísque ou veneno.
Os amantes interferem na paisagem, atrapalham o filme, retardam o trânsito no sinal verde, constrangem velhinhas, impedem a passagem - porque não podem adiar um beijo.
Os amantes são trágicos na literatura e pícaros na vida real, ou vice-versa.
Os amantes ouvem estrelas, pálidos de espanto.
Os amantes compreendem os crimes, os assassinatos, a doçura, a entrega, a covardia, a loucura, as perversões, a poesia, a sordidez, a tragédia, a comédia, o ridículo, o ódio, a renúncia, o suicídio e todos os outros excessos humanos - porque há um pouco de tudo no amor.
Os amantes riem até sem motivo, que passa a ser um motivo.
Os amantes inventam toques, posições, maravilhas em pequena porém valiosa contribuição à cultura universal.
Os amantes cochilam de dia.
Os amantes casados são ameaçados de dia pela rotina, pelos parentes, por erros banais tipo bife salgado, pelos azares do trânsito, pela conta de telefone - mas de noite esquecem.
Os amantes têm movimentos coordenados: deslizam, se encaixam, desencaixam, giram, deslizam, se encaixam - como uma máquina de carícias.
Os amantes adúlteros carregam culpas e nunca chegam à felicidade - é o seu castigo - mas tentam, tentam, e no tentar mais se agarram, e nisso mais se afundam, e morrem abraçados como dois náufragos.
Os amantes se espicaçam como mil abelhas.
Os amantes escrevem seu amor nos muros, no último andar do prédio, nos viadutos, nos jornais, nas faixas - porque não conseguem guardar só para si aquele desconforto.
Os amantes são obra de puro acaso, como, de resto, todas as substâncias, átomos que se encontraram a milhões de anos e que formaram um corpo vivo ou mineral, doce ou ácido, feliz ou infeliz.
Os amantes são egoístas aos pares.
Os amantes...
Quem se importa com eles, ou com tudo que juntos, os dois praticam, se eu tenho você para me importar e juntos, como se fôssemos apenas um, realizar até os sonhos mais secretos que se possa imaginar?
Te amo, baby!

8 comentários:

Micha Descontrolada disse...

e viva o amor.

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Excelente samana pra vc!
Beijossssss

Anônimo disse...

Zentem! Nurse esse texto aí é de autoria tua??? Menina que é isso, lindo lindo. Inspiradíssima.
Então você tá no blogspot agora! É, blog vicia né, ehehe, passa tempo, mas a gente sempre acaba num blog escrevendo as coisas da vida. Num instante acabei lendo todos os posts desse teu novo blog, que bacana que teu trabalho/monografia foi aceito, parabéns! Há tempinhos a gente acaba se "acompanhando" pelos blogs né, nem com tanta intensidade, mas o que importa é que tamos aí! Espero que esse aqui dure bastante, curti o "clima" desse novo espaço, sinto algo diferente no teu jeito de escrever também, talvez seja só impressão, ou então é só reflexo de tua vida que talvez esteja numa fase diferente da que eu acompanhei lá no outro blog há um tempo... Well, beijos, já já tô por aqui te visitando de novo. ;)

Anônimo disse...

E , pela intensidade com a qual vc escreveu esse texto, é bom seu eleito sentir o mesmo ou vai apanhar feio...
Beeeeeeeeeeeijos!

Paulo Castro disse...

Caralho !
Estou com as mãos sangrando de tanto bater palmas !
Vai se fuder de boa, guria .
Beijos.
Passa lá.
Paulo.
http://literaturacorporal.blogspot.com

Anônimo disse...

delícia... tb estou amando!!

Anônimo disse...

Hei, que tal postar, hein???
Beeeeeeeeeijos!!!

Anônimo disse...

Olá!!
Muito bacana seu blog. Será que voc~e poderia me dizer a autoria desse texto? Ouvi dizer que é do Ivan Angelo, mas não tenho bem certeza.
Um abraço!
Marcely Seixas

Anônimo disse...

Lindo, lindo, lindo, diz muito para mim, bateu na veia. Obrigado pelo belo texto!!!